ATA DA TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-12-2004.

 

 


Aos vinte e nove dias do mês de dezembro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e cinqüenta e cinco minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Almerindo Filho, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mário Fraga, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Professor Garcia, Renato Guimarães e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 067/04, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 011/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Sebastião Melo e Guilherme Barbosa. Na ocasião, foram apregoadas as Emendas nos 01 e 02, de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, ao Projeto de Lei do Executivo nº 067/04 (Processo nº 5915/04). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Professor Garcia rechaçou a aprovação, pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, ontem, do projeto que aumenta o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS – que incide sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Nesse sentido, destacou que esse projeto não contava com o apoio de vários segmentos da sociedade gaúcha e manifestou-se contrariamente ao aumento da carga tributária brasileira. O Vereador Sebastião Melo, contraditando a opinião do Vereador Professor Garcia, a respeito da aprovação, pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, de aumento nas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, destacou que esse aumento objetiva a manutenção dos serviços estatais e citou compensações tributárias a que teria direito o Estado e que não estão sendo repassadas pelo Governo Federal. O Vereador Carlos Pestana reportou-se ao pronunciamento hoje formulado pelo Vereador Sebastião Melo, acerca do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, traçando comparativo entre posicionamentos sobre a matriz tributária assumidos pelos Governos Estadual e Municipal. Ainda, declarou que a aprovação das novas alíquotas do referido Imposto denota divergências entre a teoria e a prática políticas seguidas pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Após, a Senhora Presidenta prestou informações acerca do processo de definição das tribunas a serem ocupadas pelos Senhores Vereadores eleitos que integrarão esta Câmara Municipal durante a Décima Quarta Legislatura. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz asseverou que o Governo Federal não repassa aos Estados verbas destinadas à compensação de perda de receita resultante da “Lei Kandir”, que isenta de impostos a exportação de produtos primários e semi-elaborados. Finalizando, afirmou que essa situação atinge seriamente os Estados exportadores, causando prejuízos à prestação de serviços e gerando o pagamento de alíquotas tributárias mais elevadas. Às dez horas e cinqüenta e quatro minutos, nada mais havendo a tratar, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária, a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Vereadores presentes.

 

 


A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Há quórum. Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 5915/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 067/04, que cria, na Administração Centralizada, Secretaria Municipal de Gestão Estratégica, Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local, Gabinete de Programação Orçamentária, Gabinete de Captação de Recursos e Investimentos e Gabinete de Acessibilidade e Inclusão Social e extingue a Secretaria de Governo Municipal, a Secretaria Extraordinária de Capatação de Recursos e Cooperação Internacional, Gabinete de Plenejamento, Gabinete de Relações com a Comunidade, Gabinete de Relações Públicas, Gabinete de Imprensa, Gabinete de Comunicação Social e dá outras providências.

 

PROC. N.º 5916/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 011/04, que autoriza a celebração de transação, nos termos do art. 171 combinado com o art. 156, inciso III do Código Tributário Nacional, bem como a dação em pagamento em bens imóveis para a extinção de créditos tributários, na forma do art. 156, inciso XI do CTN.

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, eu preciso, em primeiro lugar, reiterar a minha tristeza por não ver acolhida a emenda que propus – não foi nem analisada pela Comissão – para que licenças para tratamento médico ou tratamento de interesse dos Vereadores só pudessem ser realizadas depois de um determinado tempo. Vejam que ontem a Assembléia Legislativa votou assunto da mais alta relevância, e havia um Deputado em licença para tratamento de saúde, e não foi convocado nenhum outro em seu lugar. Era tão importante a matéria que o Secretário de Estado deixou a sua Secretaria para assumir o seu lugar, mas licença para tratamento de saúde de um dia, ou de meia hora, como já ocorreu aqui, não acontece. Portanto, no próximo ano, eu voltarei com essa matéria para alterar o Regimento Interno. Nós teremos de ter um pouco mais de disciplina, porque nós não podemos, cada vez, pagar, além dos 33 Vereadores, mais um por ano, no mínimo. No ano que vem, com 36 Vereadores, se nós mantivermos a mesma proporção, talvez, paguemos mais dois.

Mas vamos ao Projeto de Lei de S. Exª, o Prefeito Municipal, que autoriza a celebração de transação, na forma do Código Tributário Nacional, vai receber em pagamento bens imóveis para extinção de IPTU. Isso só acontece por uma razão: várias vezes eu alertei aqui que a Prefeitura não podia fazer a taxação progressiva do IPTU, e a Prefeitura fazia isso dividindo a Cidade em zonas, variando o IPTU de 2% a 6% em razão dos valores venais. Portanto, as grandes empresas sempre têm o seu corpo jurídico e não têm outra coisa a fazer senão entrar na Justiça e ganhar. Todas as ações - todas - que ingressaram contra a Prefeitura, em razão do IPTU e proporcionalidade, foram ganhas pelos que iniciaram as ações.

Agora a empresa faz um acerto com a Prefeitura até para terminar algo que - eu não analisei os dados, recebi agora o processo -, mas até para terminar aquilo que há anos vem acontecendo: a empresa entra na Justiça, ganha, e a Prefeitura tem que anular o famoso lançamento. E todos os anos eu tenho reclamado aqui que a Prefeitura lança milhões de reais de IPTU. Este ano lançou 125 milhões de reais de IPTU, mas não era a realidade, a Prefeitura lançou mais de 200 milhões de reais de IPTU, mas como está numa forma inconstitucional até nem diz que vai arrecadar aqueles 200 milhões de reais, diz que vai arrecadar 125milhões de reais. Então, a Prefeitura já sabia que estava agindo incorretamente; estava cobrando imposto de uma forma que não era permitida, progressivo, de 2% a 6%. Portanto, eu acho que agora nós vamos chegar a uma solução, porque eu não analisei os dados, volto a dizer, mas tenho absoluta convicção de que devem ser corretos, eu não tenho motivo para duvidar deles, mas a Prefeitura está aqui confessando que, ao longo dos anos, cometeu erros, depois de alertar desta tribuna que não podia fazer, não podia taxar IPTU territorial de 2% a 6%; tinha de ser só uma alíquota, e havia várias alíquotas.

Portanto, agora a Prefeitura confessa o seu erro, na hora de sair o Prefeito, mas menos mal que ainda reconhece o seu erro. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em Pauta há dois Projetos do Executivo.

Um deles, já do interesse da nova Administração, criando e extinguindo cargos; criando e extinguindo Secretarias e Gabinetes. É a nova forma de governar que está saindo do forno, e esperamos que a nova Administração traga novos ventos para Porto Alegre, novas idéias, muito progresso e desenvolvimento.

O outro Projeto é um encontro de contas entre a empresa Máquinas Condor e a Prefeitura Municipal. A Máquinas Condor é, realmente, uma das maiores proprietárias de imóveis dentro de Porto Alegre e vinha contestando, há muitos anos, a forma de cobrança dos impostos em Porto Alegre, contestando a cobrança do Imposto Progressivo sobre Terrenos.

Sabemos que esse questionamento não encontra guarida na legalidade, mas com isso deixavam de ingressar recursos na Prefeitura.

Tem razão o Ver. Sebastião Melo quando diz que nos faltam dados; efetivamente, faltam-nos dados, e até solicito à Liderança do Governo nesta Casa que os inclua.

Fui pesquisar os dados e encontrei números globais. A dívida da Máquinas Condor é de aproximadamente 38 milhões de reais, e destes, 8 milhões são uma dação em pagamento de 8,5 hectares de terra com frente para a Rua São Guilherme, onde já existe o loteamento São Guilherme, e 473 metros de frente para a Avenida Bento Gonçalves. Esses 8,5 hectares irão propiciar ao Município, efetivamente, a diminuição do déficit habitacional em Porto Alegre, pois serão aproveitados na construção de habitações cujo déficit é de 80 mil habitações, número que já é considerado oficial pelo DEMHAB. Do saldo de 30 milhões, 5 milhões serão pagos tão logo esta Casa aprove o Projeto. E os restantes 25 milhões de reais serão corrigidos e pagos aproximadamente 500 mil por mês; a obrigatoriedade da Máquinas Condor, já no início de 2005, em janeiro, é de pagar regularmente o IPTU. Isso também acelerará a arrecadação de tributos para o Município. Eu acredito que a Administração Municipal deva ter feito uma negociação demorada e difícil, porque envolveu valores elevados, e temos de dar um crédito à Administração Municipal que acaba com essa celeuma, que, segundo o Ver. Sebastião Melo, estende-se há 14 anos.

Então, é menos uma demanda judicial e mais arrecadação para os cofres públicos, dando retorno à sociedade justamente na época em que o Estado do Rio Grande do Sul se vê às voltas com o aumento de impostos, e nós, Município de Porto Alegre, estamos arrecadando os impostos devidos, jogando-os no caixa e retribuindo à sociedade em serviços. No meu entendimento, merece aprovação este Projeto.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores. Boa parte do que está acontecendo em relação a este Projeto, que pede uma autorização para celebrar transação entre o proprietário dos imóveis que estão relacionados no Anexo I e o Município, refere-se a uma teimosia do Município que até o ano de 2000 resolveu, sem haver uma possibilidade constitucional, instituir aquilo que se chamava Imposto Progressivo, com relação ao IPTU. Só uma Emenda Constitucional acabou dando essa permissão, que ainda hoje é questionada através de ADIn, no Supremo Tribunal Federal. Mas a Máquinas Condor, juntamente com outras empresas, entraram na justiça questionando essa progressividade do imposto, e acabaram sendo vitoriosas nessa ação contra o Município, porque o Município não tinha, na verdade, uma autorização constitucional-legislativa para instituir aquela progressividade de imposto. Depois do ano de 2000 isso se tornou possível. Mas acredito que essa redação que foi dada neste Projeto terá de ser alterada, porque nessa redação o Município de Porto Alegre fica autorizado a celebrar transação com o proprietário dos imóveis relacionados no Anexo I da presente Lei. Veja bem, quando ele diz isso, Ver. João Antonio Dib, ele está especificando que essa transação, nestes moldes, só é possível com esse proprietário. Estou dizendo o seguinte: essa formulação de Projeto teria de ser um pouco mais geral, porque segundo o art. 150 – Seção II - Das Limitações do Poder de Tributar -, se estou cobrando tributos que eu instituí de maneira errada, então, quando se corrige isso, tem de se corrigir para todo mundo, e não para um só.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz o que está acontecendo aqui é que a Empresa que estava na Justiça contra Prefeitura - e ganharia da Prefeitura, como todas as outras empresas ganharam -, fez um acerto de contas igual àquele que a Viação Férrea fez com a Prefeitura na Rua Voluntários da Pátria; não é nada diferente. Eu tenho a impressão de que todas as empresas que quiserem abrir mão dos seus processos judiciais também vão conseguir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Dib, o que estou dizendo é que, para que nós não fiquemos de processo em processo, nós temos de seguir aquilo que manda o art. 150 da Constituição – Seção II - Das Limitações do Poder de Tributar - que diz assim que é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes. Ora, se eu estou fazendo um projeto de lei, onde quero fazer uma correção apenas para um grupo de contribuintes, eu acredito que eu estou, de alguma forma - muito embora eu não esteja aqui instituindo o imposto -, instituindo um tratamento desigual entre alguns contribuintes de imposto. Então eu acredito que a formulação que é dada a este Projeto não deveria ser relacionada apenas ao proprietário da Máquinas Condor, mas ela deveria ser mais geral para que todos os proprietários, nessas condições, pudessem aproveitar a reavaliação do valor dos imóveis, que é o que está sendo usado aqui. A Máquinas Condor, que é uma empresa poderosa, consegue fazer esse enfrentamento com o Governo. Mas quantas pessoas, proprietárias de pequenos imóveis, não conseguem fazer esse enfrentamento? Então, essas pessoas têm uma superavaliação do seu imóvel, acabam pagando um imposto demasiado e não podem reclamar, ou às vezes não têm nem como reclamar, pois o valor que pagarão para instituir o Processo acaba não compensando; então pagam o imposto de forma indevida. Aqui a Máquinas Condor, como são poderosas, fazem esse enfrentamento, só que eu acho que se devem aproveitar aqui todas as empresas, todas as pessoas que estiverem realmente nessas mesmas condições.

Eu acho que a formulação desse artigo deveria ser feita de uma forma diferente, mais generalizada e não específica, porque senão estamos ferindo o art. 150 da Constituição.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, nesse período, depois do meu primeiro pronunciamento, eu consegui falar com o Secretário da Fazenda do Município, Dr. Ricardo Collar. No cadastro da Prefeitura, me disse o Secretário da Fazenda há pouco, a dívida da Máquinas Condor atinge 68 milhões de reais. Sessenta por cento desses 68 milhões de reais - valores atribuídos pela Prefeitura - não estavam corretos, segundo o Judiciário, Ver. João Dib.

Portanto, a Justiça acolheu as alegações da Máquinas Condor, e no Governo, que até então tinha uma posição férrea de não mudar de opinião, de continuar recorrendo inclusive ao Tribunal Superior, diz o Secretário, houve um amadurecimento. E nesse amadurecimento, vai-se para a transação. Diz ele também que o acordo que está sendo gestado seria exatamente aquilo que V. Exª diz, Ver. Braz: faz-se uma parcela com a dação em pagamento, depois se parcela esse saldo, que ainda não está estabelecido se é 30, se é 40. Mas o devedor tem a faculdade, pelo Decreto municipal, que, aliás, se baseou muito no Refis Municipal que eu propus nesta Casa, em Projeto que está arquivado aqui, que permitia - inclusive foi fruto de muita discussão na época, e o Governo aproveitou muito dos nossos argumentos - ao devedor até 60 meses. Há um certo comprometimento que, a partir de então, essa empresa passaria a pagar. Aí está no campo da promessa, porque alguém pode dizer que vai pagar ou não vai pagar. Então, me parece, Ver. Pestana - quero esclarecer a V. Exª, que tinha dúvidas como eu -, mas aqui na apresentação do Projeto diz: “A partir do ano de 1991, a Empresa Condor Empreendimentos Imobiliários S.A., tem ingressado anualmente em juízo, requerendo a nulidade do lançamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana de seus diversos imóveis, alegando que o valor venal estabelecido pela Municipalidade não corresponde com o de mercado”. Depois ele está dizendo que nas ações com trânsito em julgado, o Judiciário tem determinado ao Município que proceda a readequação no valor venal dos imóveis e, por esse motivo, o Município propõe a renegociação da dívida tributária com a referida empresa, com o propósito de incrementar aquela ação.

Então eu entendi que não é somente daquele imóvel, é de todos os imóveis, e, portanto, depois da conversa com o Sr. Secretário, depois de ler mais atentamente, tenho a convicção férrea de que este é o juízo de valor que formo sobre a matéria.

 

O Sr. Carlos Pestana: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebastião Melo, quero dizer que V. Exª tem razão. Também me informei, e refere-se a um conjunto de processos que envolvem mais de uma área, e estavam em tramitação. É importante que alguns processos acabem incidindo sobre a mesma área, porque é uma cobrança de vários anos, mas não é uma área só, é um conjunto de áreas e um conjunto de pendências judiciais que existiam e que, através deste acordo – e acho que V. Exª destaca bem – já tem manifestação em juízo sobre a questão dos valores, e isso explica a razão de não ser os 60 e poucos milhões lançados, e sim os 38 milhões, que é o valor final da dívida. Obrigado.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Obrigado pelo aparte. Agora, uma outra questão que o processo não esclarece, Ver. Elói Guimarães: essas áreas que o devedor propõe como pagamento estão desocupadas ou há ocupações, hoje, nessas áreas? Eu confesso que não cheguei até lá. Então essa é uma pergunta que precisa ser respondida, porque uma área tem um determinado valor, seja na Av. Bento Gonçalves, seja na Lomba do Pinheiro, se ela estiver desocupada. Pego, por exemplo, a Rua São Guilherme, uma grande área acima do conjunto habitacional do DEMHAB, que conheço, até porque muitos moradores tentaram transformar aquilo ali num campo de futebol. Não sei se aquela área está ocupada ou não. Assim, eu só quero garantir, porque para a municipalidade eu estou achando que é bom, mas eu quero ter garantias de que nessa transação fique assegurado ao Erário o equilíbrio, Ver. Luiz Braz. Eu não quero “gato por lebre”.

Ah, o terreno, o.k., ele pode ser utilizado para habitação. Finalidade justíssima, agora, já tem ocupação em cima ou não tem? Então, portanto, acho que começa a clarear neste debate essa questão envolvendo aqui essa transação. Muito obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Apregôo a Emenda nº 01 ao PLE nº 067/04, de autoria da Verª Clênia Maranhão (Lê.): “I - Altere-se no projeto, nos diversos artigos onde há referência bem como na ementa, o nome da Secretaria Municipal de Gestão Estratégica para Secretaria Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico;

II – Altere-se no projeto, nos diversos artigos onde há referência, o nome do cargo de Secretário Municipal de Gestão Estratégica para Secretário Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico”.

E a Emenda nº 02 ao PLE nº 067/04 (Lê.): “I - Acrescente-se Parágrafo Único ao Art. 2º, como segue:

Parágrafo Único - As finalidades da Secretaria de Governo Municipal - SGM, ficam transferidas para a Secretaria de Gestão e Acompanhamento Estratégico – SGAE”.

 

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, colegas Vereadores e Vereadoras, demais pessoas que nos acompanham, este é um Projeto muito importante que traz em si uma discussão que acho que está sendo bem feita aqui nesta tribuna, de forma fraterna inclusive, sobre a maneira como se gerenciam os recursos públicos. Aquilo que é dinheiro público, dinheiro de toda população, tem de ser gerenciado - por quem está na chefia do Executivo -, de uma forma muito mais rigorosa do que aquela como se administra os seus próprios recursos, seu próprio dinheiro, inclusive estabelece-se obrigações que às vezes o próprio Chefe do Executivo e sua equipe avaliam e têm uma determinada posição, mas por definição do cargo é obrigado a ir adiante em disputas judiciais. Às vezes ocorre isso, Ver. Luiz Braz, em determinada demanda, se o Chefe do Executivo não recorre pode ser acusado posteriormente de que estava em conluio com o outro lado disputante - isso pode acontecer - e às vezes por definição de lei, lei municipal, lei estadual e lei federal, ele se vê obrigado a ir adiante na demanda judicial. Não é exatamente este caso, porque neste caso a Administração Popular tinha uma clareza, uma visão sobre o tema. Então, aqui, o alongamento da demanda era por clareza e por ter convicção naquilo que estava fazendo.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Barbosa, veja bem, como a Máquinas Condor é poderosa, em matéria econômica, ela pôde entrar na Justiça e obrigar o Município a entrar com esse processo para, inclusive, rever o valor venal dos imóveis para cobrar imposto sobre um novo valor venal. Imagine V. Exª quantas pessoas são obrigadas a pagar impostos mais altos porque o valor venal dos seus imóveis têm uma superavaliação e essas não podem entrar na Justiça, porque não têm os mesmos benefícios da Máquinas Condor. Essa é a grande injustiça que se vê hoje numa administração pública como essa que está encerrando.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Nós nunca tivemos como referência ser poderoso ou não ser poderoso. Nós sempre tivemos como referência aquilo que achávamos que valia o imóvel de cada um dos proprietários, e levamos adiante, sim, essa disputa, porque nós tínhamos convicção de que o valor do terreno da empresa Máquinas Condor era maior do que aquilo que a empresa achava que era. E, a partir daí, houve demanda judicial que, afinal, nós perdemos. A Justiça colocou um perito e foi colocado um valor em cima do imóvel. E, repetidas vezes, nós tivemos desvantagens nessa disputa.

Portanto, não adianta, depois de um tempo, nós ficarmos batendo a cabeça contra a parede. A partir daí, procurou-se um processo de negociação e, através desse processo, que está na Câmara - no meu ponto de vista -, isso teve um resultado muito positivo, para que o ouvinte e o telespectador entendam, como havia essa demanda, a Empresa não pagava o IPTU ao longo desse tempo, e agora, então, a empresa passa a pagar - o Executivo assim aceitou, em face das decisões judiciais - em cima do valor que foi determinado pela Justiça.

Então, isso é o que estamos deliberando: que parte desse valor seja pago por intermédio da dação, através do repasse para o Município de propriedades da Empresa Condor. E o terreno citado aqui é um terreno muito valioso, muito importante; é um terreno situado em frente à Av. Bento Gonçalves, tem frente para a Rua São Guilherme, na Av. Bento Gonçalves, é muito próximo ao Supermercado Carrefour, para que todos tenham uma idéia de onde se localiza esse terreno. Portanto, é um terreno de muito valor para a Prefeitura, que o novo Prefeito poderá utilizar para fazer um bom programa habitacional, espero que sim, que seja isso; pode vendê-lo depois, mas acho que seria indicado construir ali um condomínio residencial popular para atender demandas da região do Partenon e outras regiões da Cidade.

Portanto, esse é um Projeto muito positivo, muito bom e, pelas intervenções que eu ouvi aqui de Vereadores da oposição, creio que realmente nós vamos aprová-lo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, na outra Sessão de Pauta, o Ver. João Antonio Dib falou da questão da Assembléia em relação à não-inclusão de um cargo. Mas a grande notícia não é como foi o sistema na Assembléia, se o Ver. Paulo Brum estava licenciado e não votou. O grande fato que nós temos a comunicar, hoje, é que o Estado do Rio Grande do Sul está de luto, porque, ontem, passou um Projeto - e eu, na semana passada, havia me manifestado duas vezes e acreditava que esse Projeto não iria passar -, por uma diferença de um voto. Esse Projeto vai aumentar em 5% o ICMS dos combustíveis, da energia elétrica e da telefonia, penalizando como um todo a população do nosso Estado. E, ontem, configurou-se uma situação inusitada: a sociedade civil organizada, não querendo a aprovação do Projeto; o meio empresarial, não querendo a aprovação do Projeto; os funcionários públicos, a quem o Governador dizia que iria beneficiar, também não queriam o Projeto, ou seja, apenas um segmento queria o Projeto.

O Ver. João Antonio Dib também falou hoje que um Deputado se licenciou e votou na Assembléia, só que ele contou meia-verdade: o Dep. Frederico Antunes veio para a Assembléia, porque a Deputada não votaria a favor do Projeto; então, foi um voto decisivo. Por isso é que eu volto a dizer: o Rio Grande está de luto hoje.

Lastimamos, porque toda a população foi penalizada e será penalizada com o aumento desenfreado em todos os segmentos; um belo "presente" que o Governador Germano Rigotto está dando à população do Rio Grande do Sul; alguém que durante as suas falas de campanha, disse que não subiria os impostos; alguém que disse que faria, a cada quilômetro, um posto de saúde. Nós não vemos posto de saúde, nós vemos o aumento da tributação. E ouvimos, ontem, a fala da própria base, dizendo que não existe fiscalização mais efetiva por parte do ICMS, inclusive, deixando de arrecadar – e aí os números flutuam – uns dizendo mais de um milhão; outros, chegando até dois milhões, se for sonegação esse valor pode chegar a 50 milhões. Ora, se está comprovado que a máquina não é eficaz, tem de se verificar. Por que então fazer toda essa parafernália para arrecadar 500 milhões? Além disso, o Governador, num passe de mágica, parece que vai ser benevolente, ou seja, vamos dar 5%, mas, no próximo ano, vamos diminuir em 1% o ICMS.

Ora, nós sabemos que no nosso País, quando se diz que a carga tributária sobe, que os impostos estão subindo, que não se concebe mais isso, lá de vez em quando vem um novo imposto; imposto que o próprio Governador discutiu quando criou a questão da própria Lei Kandir, da qual, quando estava no Congresso, foi um dos defensores, e hoje sente-se penalizado.

Por isso, em nome do Partido Socialista Brasileiro, nós vimos hoje aqui dizer que o Rio Grande do Sul, infelizmente, no final do ano de 2004, está de luto. Obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, meus colegas Vereadores e colegas Vereadoras, há um velho ditado popular que diz que a história sempre tem dois lados. O Ver. Professor Garcia, querido e amado Vereador, mostra um lado da história, mas conta o filme pela metade. Então, eu quero aqui ajudar, contribuir com esse filme, mostrando a outra metade.

Primeiro, é preciso dizer que o déficit público do Rio Grande do Sul não começou no Governo do Rigotto, nem no Governo do Olívio, nem no Governo do Britto, nem no Governo do Alceu Collares, mas ele começou mesmo no início da década de 80, lá no Governo do Jair Soares. A máquina pública vem gastando mais do que arrecada. Ver. Haroldo de Souza, meu companheiro de Bancada, nós não temos memória curta. O Governo do Olívio também não é o culpado pelo déficit público do Rio Grande do Sul, mas foi um Governo que ajudou muito a aumentar esse déficit. Lembram V. Exas dos 4 bilhões e 700 milhões de reais que ficaram de rombo no caixa único? Lembram V. Exas que o Secretário Arno Augustin foi a Brasília e negociou dois mil quilômetros de estradas a preço vil, estadualizando-as para poder pagar o 13º salário do funcionalismo? Alguém tem memória curta, Ver. João Dib, e não se lembra de que o ICMS foi antecipado de um Governo que tinha sido eleito?

Eu dizia e vou dizer aquilo que eu dizia dentro do meu Partido: do jeito que pegou, com oitocentos milhões, nem sequer empenhado, não dava sequer para pagar o funcionalismo no primeiro mês. E o Governador Rigotto vem, através dos depósitos judiciais, através de empréstimos do Banrisul, levando o Estado até agora. Sabem quanto, anualmente, deveria a Lei Kandir repassar para o Rio Grande do Sul? Um bilhão e 400 milhões. Sabe quanto vem, Ver. Garcia? Trezentos e oitenta milhões. Portanto, Ver. Mário Fraga, os grandes vilões desta história, os empresários do Rio Grande, que merecem o meu respeito, mas muitos deles que estavam ali na foto não pagam bem os impostos. É verdade. Se eles pagassem um pouquinho melhor, talvez o Rio Grande não estivesse do jeito que está, porque, na verdade, há empresário que não paga imposto. Vamos parar com essa demagogia. Quem paga imposto é o povo, Vereadora Presidenta. Quem paga o imposto da cerveja, quem paga o imposto da gasolina, quem paga o imposto do diesel, quem paga o imposto de tudo é o povo. O empresário é um mero repassador de impostos. Então, vamos parar com essa questão. É verdade que ninguém quer aumento de imposto. É verdade. É horrível aumentar imposto! É horrível aumentar imposto! Agora, o Governador Rigotto deixou claro: se o Governo da União repassar amanhã os recursos aos quais o Rio Grande tem direito, esta Lei está revogada; esta Lei não tem nenhum valor. E não é só da Lei Kandir; lá no final da Constituinte, os estados brasileiros e os municípios ainda tinham um pouquinho mais do bolo tributário; hoje estão completamente despedaçados, vivendo de migalhas, e o Governo da União, que se elegeu com 70% dos votos, dizendo que iria fazer reformas, fez um remendo - piorado - tributário neste País, para botar dinheiro nos cofres da União, para encher os bolsos de quem? Dos Banqueiros; os estados foram liquidados, e os municípios mais liquidados ainda.

Então, Ver. Garcia, esse filme precisa ser contado na sua inteireza. É claro que V. Exª tem razão; aumentar imposto não está correto. Mas a concentração de impostos, hoje, não está nas mãos dos Estados. Os Estados estão falidos na sua grande maioria. E a União detém a concentração tributária neste País. O grande grito é rumo ao Planalto Central. É lá que as coisas têm de ser mudadas, porque assim, nem o Rio Grande, nem Santa Catarina nem São Paulo nem Paraná vão precisar aumentar a alíquota de ICMS. Este Estado, lá em 1835, talvez por menos do que hoje está sendo espoliado, lutou fortemente na grande Guerra Farroupilha, porque havia uma espoliação. Pois, hoje, Ver. Fraga, é maior o que fazem com o Rio Grande e com o Brasil. O Brasil só tem o nome de Estado federado na Constituição; na verdade, ele é um Estado unitário. A União pode tudo, concentra tudo e faz tudo, e os Estados, simplesmente são cumpridores da Legislação Maior.

Portanto, eu quero aqui, de forma muito fraterna, Ver. Garcia, dizer, sim, nós queremos esse debate; mas esse debate não dá para ser atribuído ao Governador Rigotto. Nós temos que “olhar a floresta e não a árvore”. O déficit público não é deste Governo, e todos - ninguém é freira nesse processo - já foram Governo, todos têm responsabilidade e todos sabem que precisam dividir isso de forma honesta. Muito obrigado, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Verª Margarete Moraes, demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, pensei, sinceramente, que o Ver. Sebastião Melo não teria a ousadia de tratar deste tema aqui desta tribuna. Logo ele que se construiu nesta Casa! Saudosa lembrança, Ver. Sebastião Melo, quando V. Exª ia para a Esquina Democrática panfletar contra os aumentos da Prefeitura de Porto Alegre! Hoje está aqui um Vereador que assume que tributa o povo e vem falar em demagogia! Demagogia fez o Governo Rigotto quando, durante a campanha, disse que não iria aumentar tributo e está aumentando; demagogia fez o Governo Rigotto que hoje fala mal da Lei Kandir, mas foi o seu Relator; demagogia faz o PMDB que não tem nenhum compromisso com o trabalhador, porque hoje traz uma das cargas tributárias mais pesadas para o trabalhador do nosso Estado. Nada como um dia após o outro. Eu, sinceramente, não esperava isso tão cedo, Ver. Sebastião Melo. Pensei que V. Exª aqui fosse protestar, estaria na rua, ao lado do povo, panfletando contra esse aumento; que jamais viria aqui para esta tribuna justificar esta tributação. Falta-lhe coerência - o senhor está rompendo com uma trajetória que o elegeu para esta Casa -, como alguém que sempre, sempre veio aqui questionar os aumentos, os tributos e as taxas que o nosso Município, porventura, em algumas situações, teve.

Acho que o dia de hoje é importante para o Rio Grande do Sul, porque, se, de um lado, nós lamentamos o que aconteceu na Assembléia Legislativa, ontem, de outro, foi muito diferente a proposta que nós construímos no Governo Olívio Dutra, que visava, sim, beneficiar, inclusive com redução de impostos, os setores da cadeia produtiva do Estado e tributar aqueles que não participavam dessa cadeia. Então a matriz tributária que nós montamos no Governo Olívio é muito diferente dessa que o Governador Rigotto está construindo e que conseguiu aprovar, por uma maioria apertada, mas que conseguiu aprovar na Assembléia, no dia de ontem.

Mas, mais do que lamentar esse fato, acho que o resultado de ontem pode ser muito educativo para o povo do Rio Grande do Sul, no sentido de não acreditar na promessa fácil, no discurso de véspera de eleição, e de conseguir, sim, estabelecer uma relação entre o discurso e a prática. A prática do PMDB sempre foi a prática que tem o “discurso do coraçãozinho, do bom menino, do bom moço”, mas, assim que enfrenta a primeira dificuldade, tributa a população do Rio Grande do Sul; um Governo que acabou reproduzindo o que o PMDB já tinha feito na gestão de Antônio Britto, que é a lógica da “farra fiscal” - das isenções -, dos aumentos para os privilegiados, mas que, quando enfrenta a questão de privilegiar, de sustentar o servidor público, o trabalhador, nunca faz essa opção.

Eu acho que a votação de ontem pelo menos tem esse mérito: poderá ser profundamente educativa sobre os discursos que prevalecem durante a campanha e sobre a prática, depois, durante a administração e a gestão do respectivo eleito e o seu Governo.

Tenho muita tranqüilidade e muito orgulho do voto da minha Bancada na Assembléia, porque dialoga com tudo aquilo que nós construímos no Governo Olívio Dutra. Não foi o Governo do Olívio Dutra nem a Bancada do PT que construíram a Lei Kandir; ao contrário, o Governo Lula está prorrogando os prazos, está ampliando os prazos e está repassando mais recursos para o Governo do Estado. Não fomos nós - não somos, Ver. Sebastião Melo, “farinha do mesmo saco” -, quem relatou a Lei Kandir. Foi o Governador de V. Exª, quem relatou a Lei Kandir, foi o Governador de V. Exª quem se comprometeu com o povo de Porto Alegre. Nós nunca - nunca! -, dissemos que iríamos baixar os impostos; ao contrário, nós sempre defendemos uma lógica do imposto progressivo. Nós defendemos, no Governo do Estado, e defendemos, na oposição, a lógica de uma cadeia de impostos que privilegiasse a cadeia produtiva do nosso Estado. Nós temos o mesmo discurso enquanto somos Governo e enquanto somos oposição! Temos a mesma prática enquanto somos Governo e enquanto somos oposição! Isso é coerência! Isso é compromisso com o nosso Estado! Isso é compromisso com a nossa população e, fundamentalmente, é compromisso com os trabalhadores do Rio Grande do Sul.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero comunicar que pedi à Diretoria Legislativa que apresentasse um novo croqui de onde ficariam os Vereadores, mas houve discordância generalizada. Então, eu tomei a decisão de que, no dia da posse, ficaremos todos nos lugares onde estamos, e os três novos Vereadores serão convidados a ficarem nos lugares que estarão desocupados. Na próxima Legislatura, os Vereadores poderão conversar com a nova Mesa Diretora e entrarem em acordo com relação aos seus lugares. Hoje, não há como fazer um acerto. Há muita divergência. Ninguém aceitou a proposta da DL, quase ninguém. Então, ficamos todos onde estamos, e a nova Mesa Diretora vai cuidar desse trabalho.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Verª Presidenta, Margarete Moraes, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu, mais uma vez, vejo a Liderança do PT, exercida pelo Ver. Pestana, vir a esta tribuna e atacar de forma veemente a Lei Kandir. Eu pergunto, Ver. Pedro Américo Leal, com a grande maioria formada no Congresso Nacional pelos aliados do PT, se a Lei Kandir fosse assim tão tenebrosa para o PT, V. Exª, Ver. João Dib, não acredita que o PT já teria força para liquidá-la?

Mas o que é que diz a Lei Kandir? A Lei Kandir favorece os Estados exportadores. O Ministro Palocci, Ver. Melo, adotou uma política que era uma política formulada anteriormente - ele apenas reforçou -, de fazer com que as exportações tivessem prioridade no seu Governo. Aí, ele mexeu nos juros, ele mexeu em tudo, mas ele não mexeu na Lei Kandir. Se ele não mexeu na Lei Kandir, para favorecer as exportações, seria necessário que o Governo Lula desse para os Estados exportadores - que ficavam sem o imposto para poder favorecer as exportações - a devida compensação. O Governo Lula não deu as devidas compensações. Só agora, no Orçamento que está sendo votado, hoje, lá em Brasília, é que está havendo uma possibilidade de uma compensação, que não é aquela que os Estados esperavam! Os Estados estavam esperando 12 bilhões de reais em compensações, mas parece que ficará em torno de 3 bilhões de reais, bem menos do que aquilo que os Estados esperavam! Ora, como o Governo Federal não consegue honrar com os seus compromissos com os Estados, então os Governadores enlouquecem, eles não sabem o que fazer, eles têm despesas, eles precisam fazer frente a essas despesas, e aí eles começam a lançar mão de alguma coisa que é terrível para toda a sociedade, que são os aumentos dos impostos.

O que não pode é, de repente, a Liderança do PT, desavisada, não sabendo, ao que parece, o que é a Lei Kandir, vir aqui a esta tribuna e fazer um ataque frontal à Lei Kandir, que está favorecendo o seu Partido! Ele tem de atacar é o Ministro Palocci! Porque o Ministro Palocci quer favorecer as exportações, e, para favorecer as exportações, não se pode acabar com a Lei Kandir! Então, tem de se acabar com esse negócio de falar mal da Lei Kandir e, ao mesmo tempo, tirar proveito dela! Porque isso é ilógico! Aliás, isso é desleal, porque, quando se fala na Lei Kandir e não se explica a Lei Kandir, a população fica pensando o seguinte: “Que crime é esse que praticaram contra nós?” Ora, uma coisa: se o Governo quisesse, poderia acabar com a Lei Kandir, mas, se acabar com a Lei Kandir, vai ter de refrear as exportações, e a política do Ministro Palocci é de exportações, ou seja, aumentar as exportações! É por isso que eles não acabam com a Lei Kandir, que traz benefícios para eles, mas, ao mesmo tempo, eu vejo todo o mundo fazendo ataque à legislação feita na época do Governo do Fernando Henrique, mas que favorece agora o Governo Lula, dentro da política que foi escolhida pelo principal Ministro do Governo Lula, que é o Ministro Palocci.

Então, é claro que o que aconteceu aqui no Estado não foi uma coisa boa; aumentar impostos nunca é uma coisa boa; agora, a população tem de ficar sabendo de que a culpa não é só do Governador Rigotto, a culpa também é do Presidente Lula pelo não-repasse das compensações que tinham de ser feitas. Então, o Governo Lula também tem “culpa no cartório”. Se o Governo Lula tivesse feito os repasses, tivesse dado as compensações necessárias para o Estado do Rio Grande do Sul, nada disso estaria sendo preciso, não é? Então, chega de o PT continuar enganando a população com esse discurso, fazendo com que a população creia que lá estão os monstros, e eles são os bonzinhos que estão aí apenas para salvar, e, quando eles assumem, não salvam ninguém. Eles ficam é com essa política que é a que estamos votando agora, quando, daqui a um pouquinho, eles tributam de uma forma desarrazoada algumas empresas, no IPTU, e aquelas que têm condições vão lá na Justiça e cobram o imposto normal, e eles são obrigados a fazer. Mas os coitadinhos que não podem ir até a Justiça, esses não! Esses tiveram de transferir os seus recursos – e, muitas vezes, aqueles recursos eram necessários para a sua própria sobrevivência - para que a Administração Popular pudesse fazer propaganda de que é realmente a salvadora do mundo.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Não havendo inscritos em Comunicação de Líder encerro a presente Sessão.

Convoco os Srs. Vereadores para a 4ª Sessão Extraordinária, que será aberta daqui a poucos minutos.

 

(Encerra-se a Sessão às 10h54min.)

 

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